Bom dia, mercado!
Na semana passada, o dólar à vista encerrou cotado a R$ 5,5675.
A moeda norte-americana reagiu à expectativa de uma postura mais agressiva do Federal Reserve em relação aos cortes de juros nos EUA, além da possibilidade de elevação dos juros no Brasil. Com isso, o diferencial de juros (carry trade) se torna mais atraente para o real, justificando a recente queda do dólar.
Entretanto, há fatores que podem impedir uma maior desvalorização do dólar frente ao real. No cenário interno, destacam-se as incertezas fiscais, o Orçamento de 2025 e as dúvidas sobre como o governo conseguirá aumentar receitas ou reduzir gastos para alcançar a meta de déficit zero. Também é relevante a iminente troca de comando no Banco Central, que em breve terá um novo presidente e uma maioria de membros indicados pelo atual governo, além das discussões sobre sua autonomia.
No cenário externo, aspectos como a situação geopolítica (guerras na Ucrânia e Oriente Médio), as eleições nos EUA, o baixo crescimento econômico da China e a elevada dívida norte-americana também devem ser considerados.
Esta semana, a “Super Quarta” promete movimentar os mercados. Ainda há incertezas quanto à magnitude dos cortes nos EUA (0,25% ou 0,5%) e ao possível aumento de juros no Brasil, e se ele será de fato implementado, e em qual escala (0,25% ou 0,5%). No caso do Copom, os votos do colegiado merecem atenção, pois não é esperado unanimidade na decisão, o que pode gerar diferentes interpretações no mercado.
Para o câmbio, será fundamental avaliar o quanto das mudanças nos juros já está refletido na cotação do dólar. É importante lembrar que, embora o termo “Super Quarta” seja amplamente utilizado, a decisão do Fed ocorre com o mercado aberto, enquanto a decisão sobre a Selic só será anunciada após o fechamento, refletindo efetivamente nas negociações de quinta-feira. O comportamento do dólar, por sua vez, continua sendo um componente crucial na inflação brasileira.
Nesta semana, teremos a publicação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas pelo Ministério do Planejamento, que pode trazer impacto significativo, com possíveis revisões nas receitas e um novo contingenciamento de despesas.
No calendário econômico de hoje, destacam-se o feriado na China e no Japão. Na zona do euro, haverá o discurso de Luis de Guindos, do BCE, e a divulgação da balança comercial de julho antes da abertura dos mercados. Além disso, Philip Lane, do BCE, falará às 9h. No Brasil, o Boletim Focus será divulgado às 8h25, com as projeções do mercado para os principais indicadores. Nos EUA, será divulgado o índice Empire State de atividade industrial de setembro às 9h30.
Desejo a todos uma ótima semana!